terça-feira, 17 de junho de 2014

COPA 2014 - SUIÇA x EQUADOR - FRANÇA x HONDURAS - ARGENTINA x BÓSNIA & HERZEGOVINA

Computadores definindo se foi gol ou não e influindo diretamente no resultado 
do jogo. Seria este o começo do domínio das máquinas? Não deixa de ser arrepiante 
aquela notória profecia de Nostradamus para começo do fim: 
"Quando o certo e o errado, dos olhos não mais dependerem, 
e quando toda decisão estiver no pulso de um homem só."
 (em francês arcaico isso rima).


O domingo começou com o jogo entre Suíça e Equador. Jogão, hein? Até agora a Copa não havia nos dado nenhum empate. Se tivesse que acontecer, COM CERTEZA seria neste jogo. Afinal, a Suíça era uma seleção tão, como direi... suíça?... que havia conseguido a proeza de ser eliminada de uma Copa do Mundo sem levar um único gol.

À primeira vista isso pode parecer como uma impossibilidade, porque imagina-se que quem não leva gol não tem como perder um jogo e, logo, é o campeão por default. Mas a Suíça conseguiu. Em 2006, a equipe empatou com a França por 0x0, depois derrotou Togo por 2x0 e a Coreia do Sul também por 2x0, o que levou a equipe para as oitavas. Lá, empataram em 0x0 com a Ucrânia no tempo normal, foram pra prorrogação e conseguiram manter o 0x0, até perderem na disputa de pênaltis (para efeitos de contabilização, gols por disputas de pênalti não contam). Ou seja, mesmo sem levarem um único golzinho, acabaram caindo fora da competição. 

Outra curiosidade sobre a equipe suíça é que eles foram os únicos que conseguiram ganhar da Espanha na Copa passada, por 1x0, logo no primeiro jogo. Só para lembrá-los (eu sei que vocês sabem, mas eu acho uma delícia falar sobre isso), a Espanha perdeu também seu primeiro jogo nesta Copa do Mundo, para a Holanda e por 5x1. Isso mesmo CINCO a um.

Mas enfim, vamos falar de coisa boa (ou ruim neste caso): Suíça e Equador. O jogo foi, por falta de palavras melhores, CHATO. Na verdade, eu apostaria o dedo mindinho do Meu Amigo Zoca* que nenhum desses dois times vai se sagrar campeão de 2014. Aliás, estaria disposto até a apostar uma boa surra de mangueira no Meu Amigo Zoca* se alguma dessas equipes conseguisse chegar às quartas.

O jogo andava chato quando Valencia, do Equador, marcou aos 22 minutos do primeiro tempo. 

Isso fez com que a Suíça fosse mais ou menos pra cima. Atacava um pouco, mas sem muito perigo, passava a bola lateralmente entre seus meias, tudo muito burocrático e difícil de assistir. 

Aí, no começo do segundo tempo, Admir Mehmedi (que havia entrado justamente no intervalo) acabou marcando o gol que garantiria o sonhado placar de equilíbrio para a Suíça: 1x1.

E o jogo seguiu pelo segundo tempo, com a Suíça um pouco mais presente, finalizando quase o dobro do que o Equador, mas tudo sem muito perigo. Nem mesmo o Shaquiri, que integra o ofensivíssimo time do Bayern de Munique, conseguiu fazer muita coisa. Aliás, nunca tinha reparado nisso, mas o Shaquiri não parece um anão grande? Ele é todo troncudinho, só que não é baixinho como o Tywin Lannister. Se houvesse concurso para anão mais alto do mundo, eu com certeza recomendaria que o Shaquiri participasse.

Mas de volta ao jogo. Quando tudo se encaminhava para um monótono 1x1 e todo mundo achava que teríamos o primeiro empate da Copa, o Equador foi para o ataque e quase definiu o jogo, mas não definiu. E, com isso, permitiu um veloz contra-ataque suíço que encontrou Seferović livre na área equatoriana. PIMBA! Suíça 2x1 a 5 segundos de terminar o tempo extra.

Toda a emoção que o jogo não teve durante 95 minutos (incluindo acréscimos) aconteceu no último minuto da partida. Dá quase vontade de chamar o jogo de JOGAÇO por causa desse último minuto, mas vou resistir à tentação.Chamemos então de "joguinho com MINUTAÇO". Ou não também.

De qualquer forma, na sequência,  veio a esperada estreia da França, infelizmente sem Ribery, machucado dias antes da Copa. Mas, mesmo sem o terceiro melhor jogador do mundo, a França ainda contava com um timaço, então a expectativa era de goleada.

De fato só a França jogou, e meteu duas bolas na trave antes que dessem um pênalti a seu favor, fato este que resultou também  na expulsão do melhor jogador de Honduras – o Palacios.

Então, com um gol a mais, um jogador a mais e um time nitidamente superior ao de Honduras, ficamos esperando quanto tempo levaria para  França ultrapassar os 5 gols da Holanda.

E, de fato, a França parecia confirmar a expectativa e foi pra cima. Benzema chutou cruzado e a bola rebateu na trave esquerda de Valladares, voltando ao longo da linha do gol na direção da trave direita. Se ninguém tivesse tocado na bola ela teria simplesmente voltado pro campo e continuado em jogo, mas o pobre goleiro, no desespero, acabou esbarrando na bola e a fez com que ela entrasse UM POUQUINHO no gol antes de tirá-la de dentro.

Pelas câmeras (e foram vários ângulos), é complicado afirmar se a bola entrou ou não. Cada ângulo parece indicar uma resposta diferente. Mas 2014 é o primeiro ano em que a tecnologia que muita gente erroneamente chama de “chip na bola” está sendo utilizada, e o reloginho do árbitro brasileiro Sandro Ricci vibrou, indicando que a bola havia entrado sim. E ele apontou para o meio de campo. Gol da França.

Falei que era errado falar em chip na bola porque na verdade não tem chip coisa nenhuma. O sistema que a FIFA implementou para definir se a bola entrou ou não no gol é mais complexo do que isso. São 14 câmeras de altíssima resolução e velocidade que são colocadas ao redor das áreas dos gols. As imagens são enviadas via fibra ótica para computadores com alto poder de processamento e, com a combinação de todas elas, forma-se uma espécie de rede tridimensional que consegue precisar o local exato em que a bola está. No instante em que ela ultrapassa a linha do gol, o relógio do árbitro vibra e um simpático "GOAL" aparece na tela.

Ouvi o locutor reclamando que nenhuma das imagens que ele havia visto confirmava a decisão da tecnologia, e que por isso ele tinha dúvidas. Mas é só parar pra pensar um pouco: não é EXATAMENTE pra esse tipo de situação que o sistema todo serve? Pra esses momentos em que as imagens e os ângulos que você tem não forem suficientes para tomar uma decisão final? Se a gente tivesse uma imagem definitiva da bola entrando, NÃO PRECISARÍAMOS DA CONFIRMAÇÃO DA TECNOLOGIA, NÉ IMBECIL?

E outra, caso solicitado, todas as fotos das 14 câmeras podem ser apresentadas para que não restem dúvidas MESMO. Então esse gol não teve absolutamente nada de "polêmico". Pelo contrário, uma complexa rede de imagens conseguiu detectar de maneira científica e eficaz o que 2 bilhões de pessoas assistindo aos jogos não teriam como deduzir. E foi gol. Fim de papo.

De qualquer forma, só pra evitar confusão, os franceses foram e marcaram de novo, desta vez de forma incontestável. E a França ganhou de 3x0. Começo vitorioso, mas um tanto incerto para Les Bleus. Talvez estejam sentindo falta do Ribery, mas eu honestamente esperava mais... vejamos o que acontece daqui pra frente.

E aí, depois da estreia da França, veio a estreia de outra equipe de peso: a Argentina.

Bósnia  & Herzegovina é um dos 487 países que surgiram no leste europeu depois da dissolução da União Soviética, aparentemente com a única finalidade de complicar as eliminatórias europeias. Pegar uma Iugoslávia ou Tchecoslováquia era um problemão na década de 80 e agora, com a existência de Croácia, República Checa, Sérvia, Bósnia & Herzegovina, Eslováquia, Eslovênia e cia., toda equipe acaba elevando à potência máxima suas chances de encontrar uma pedreira pela frente. E a Argentina sentiu isso logo no seu primeiro jogo (assim como o Brasil, diga-se de passagem, que assim como a Argentina, também jogou contra um país que era parte da antiga Iugolsávia).

De início, não parecia que seria complicado: aos 3 minutos a Argentina abria o placar graças à infelicidade de Kolasinac, que teve o azar de ver a bola bater nele e rolar para dentro do gol.

Mas a partir daí, a boa seleção da Bósnia & Herzegovina decidiu ir pra cima, e tinha o material humano para isso – como por exemplo o atacante Edin Džeko, do Manchester City, time campeão da Premier League.

No primeiro tempo a equipe europeia deu um belo sufoco nos argentinos, dando a impressão de que o empate era uma questão de tempo.

Messi jogava, mas não aparecia, e a Argentina aparentava estar um pouco confusa e sonolenta. O sufoco durou até o final do primeiro tempo. Aí o técnico Alejandro Sabella decidiu mexer nas coisas e trocou Maxi Rodríguez e Hugo Campanaro por Higuaín e G-g-g-ago.

A mudança deu certo e de repente tínhamos uma outra Argentina em campo, muito mais ofensiva e agressiva. E de repente um tal de Lionel Messi acertou um chute mortal no canto direito de Begović, aumentando o placar para os argentinos. Curiosamente, este foi apenas o segundo gol do Messi em Copas do Mundo. Ou seja, se você assistiu ao jogo, pode afirmar com orgulho que viu 50% de todos os gols de Lionel Messi em Copas do Mundo. Que momento histórico, hein?

Depois do gol, a Argentina aproveitou um período de domínio total contra uma Bósnia & Herzegovina que parecia ter entregue os pontos. O problema foi que o time sul-americano não conseguiu capitalizar a vantagem e, lentamente, os bósnios voltaram a acreditar no jogo (um pouco tarde demais, pra ser sincero... se tivessem acordado antes, talvez o resultado seria diferente).

O fato é que, faltando 5 minutos para o fim do jogo, de repente a Bósnia & Herzegovina foi pro ataque e fez o gol com Ibišević. Mas eram 40 minutos do segundo tempo, e por mais que a equipe ainda tentasse igualar o placar nos minutos restantes, não deu. 

Final: Argentina 2 x 1 Bósnia & Herzegovina.

Resumo da ópera: a Argentina segue firme e forte para ser primeira do grupo F. Podemos até torcer contra (aliás, devemos fazer isso), mas acho que os hermanos já estão nas oitavas.


* Para preservar o indivíduo em questão de prováveis danos à sua reputação em virtude de suas quase sempre questionáveis atitudes éticas e morais, o nome de Mark Damian Ament será substituído neste blog pelo pseudônimo “MEU AMIGO ZOCA”.

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